terça-feira, 28 de abril de 2009

Salve a cultura afro-baiana


Todo menino do pelô, sabe tocar tambor, sabe tocar... Sabe tocar tambor, eu quero ver, o menino subindo a ladeira, sem violência com toda malemolência fazendo bumba bumba. Os versos da música do saudoso Saul Barbosa e seu parceiro Geronimo ecoam os corredores da escola de arte do grupo olodum, o sentimento de solidariedade é visto na face dos quase 4 mil alunos beneficiados com o projeto socio-cultural do bloco afro mais conhecido da cidade. Apesar de todos os problemas financeiros e institucionais, segundo Nelson Mendes, diretor de cultura do Olodum, desde 1984 o grupo possui um projeto atuante na educação dando origem ao seu aspecto cultural e social através da distribuição de aulas gratuitas de percussão e cursos de curta-duração no período pós carnavalesco, atualmente o projeto conta com 14 voluntários da educação que ensinam aos jovens realizando ensaios semanalmente, promovendo festivais musicais, eventos culturais, seminários e palestras de conscientização da comunidade do Centro Histórico, a professora Anadir Santos, 59 anos é uma das voluntárias do espaço “Faço meu trabalho com muito amor, tenho 7 anos que navego neste projeto, minha maior recompensa e ver os meninos crescidos e conscientes”, o trabalho destes professores é focado na tentativa de incentivar os estudantes ao gozo da liberdade de expressão e o aguço da musicalidade com a da publicação de livros, jornais e mantendo um amplo programa de educação tendo como foco e prioridade desenvolver a diversidade da cultura negra na Bahia, no Brasil e suas expressões no mundo.
Ao entrar em sua sede, localizada no pelourinho, é perceptível no sorriso de cada criança beneficiada pela escola Olodum que o projeto realmente é fundamental para esta comunidade, são crianças com baixos padrões sociais que necessitam dessa instituição para aprimorar seus conhecimentos. Conversando com Regina Carmo 39 anos, mãe de um aluno do projeto, a mesma enfatiza que a escola funciona em tempo integral possibilitando com que ela saia para trabalhar despreocupada, além de claro, contextualizar a aprendizagem de seu filho Matheus de apenas 9 anos, mais reclama da estrutura física do prédio, pois por ser sediado em uma construção antiga é necessário alguns ajustes, dentre eles uma manutenção elétrica e melhorias nas rachaduras para que não haja inundações nas salas no período de chuvas. “Se houvesse uma ajuda do governo viveríamos uma situação muito melhor, a escola necessita de apoio fiscal”.
Aos 25 anos atuantes como instituição cultural, já foram totalizados uma média de 30 mil alunos beneficiados pelo projeto, que visam constantemente à ascensão social dos jovens negros com baixa de qualidade de vida.
Alem de ter modificado a música com a criação do samba-reggae na primeira capital do Brasil, os afros desenvolvem outros papéis importantes como as ações de combate à discriminação racial, a valorização da auto-estima, e o orgulho dos afro-brasileiros. Também defendem e lutam para assegurar os direitos civis e humanos das pessoas marginalizadas, melhorando a qualidade de vida do negro na sociedade.
No carnaval, o Olodum exalta a cultura afro-brasileira atraindo todos os ritmos que são sempre embalados com músicas dançantes, dentro dessa manifestação, o grupo carnavalesco, que além da música, faz o diferencial com as vestimentas e origem étnica africana destacando-se há trinta anos na maior festa popular do país, uma organização empreendedora social de suma importância para a cidade do Salvador.

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